Ainda cabem recursos, mas José Melo deve deixar o mandato imediatamente. Tribunal determinou ainda realização de eleições diretas para o governo do estado. Melo disse que recebeu “com grande surpresa a decisão do TSE”.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
decidiu nesta quinta-feira (4), por 5 votos a 2, manter a cassação do governador
de Amazonas, José Melo (PROS), e do vice, Henrique Oliveira (SD),
por compra de votos nas eleições de 2014. A corte informou que vai comunicar o
Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas para que o governador deixe o mandato
imediatamente. A defesa ainda pode entrar com recursos.
Além da
cassação do governador e do vice, o tribunal decidiu pela realização de
eleições diretas no estado. A expectativa é que isso ocorra num período entre
20 e 40 dias.
De acordo com o
TSE, quem assume a cadeira do governador até a realização das eleições é o
presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas, David Almeida (PSD).
A cassação já
havia sido determinada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas. A decisão
do TSE foi tomada na análise de um recurso movido pela defesa do governador,
que contestava a primeira instância.
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José Melo (Foto: Reprodução/Rede Amazônica) |
Logo
após a decisão, Melo informou que não iria se pronunciar sobre a decisão do
TSE. Ele deve se reunir com os advogados para então definir quais medidas serão
adotadas.
Às 13h30
(horário de Manaus), a Secretaria de Comunicação do Amazonas (Secom) enviou
nota à imprensa sobre a decisão. "Recebi com grande surpresa a decisão do
TSE, que considerei injusta, pois não pratiquei nenhum ato reprovável. Respeito
a decisão e vou aguardar a publicação do acórdão", declarou o governador José Melo por meio de assessoria de imprensa.
O presidente da
Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), deputado David Almeida (PSD), deve
assumir o governo no intervalo entre a cassação e o novo pleito. Em nota, ele
disse estar acompanhando o desenrolar da situação.
Histórico
A ação de cassação do governado e do
vice foi proposta
pela coligação adversária "Renovação e Experiência", que tinha como
candidato o atual senador Eduardo Braga (PMDB), derrotado no segundo turno.
Mesmo após
cassados, em 2016, Melo e Oliveira permaneceram nos cargos por decisão do próprio Tribunal
Regional Eleitoral. Em março, o TRE negou o recurso da Coligação
"Renovação e Experiência" que pedia a posse imediata de Eduardo Braga
como governador e de Rebecca Garcia como vice.
O julgamento
No julgamento, votaram pela cassação os ministros Luís
Roberto Barroso, Edson Fachin, Herman Benjamin, Admar Gonzaga e Rosa Weber.
Pela absolvição votaram o relator do caso, Napoleão Nunes Maia Filho e Luciana
Lóssio.
A maioria dos
ministros entendeu que houve compra de votos por uma assessora de confiança do
governador, Nair Blair, flagrada dentro do comitê de campanha, com R$ 7.700,
além de recibos e planilha que mostravam a destinação de dinheiro para
eleitores.
Na análise do
caso, apesar de reconhecerem a compra de votos, Maia Filho e Lóssio entenderam
que não ficou comprovada a anuência e consentimento do governador com os atos.
Também levaram em conta depoimentos de eleitores que negaram ter vendido votos.
A maioria dos
ministros, porém, entendeu que, dada a proximidade de Blair com Melo, não havia
como ignorar o conhecimento do governador.
“Os documentos
mostram de forma suficiente a entrega de vantagens pessoais com a finalidade de
obtenção de voto dos eleitores. É desnecessário que o ato tenha sido praticado
diretamente pelo candidato”, disse o ministro Luís Roberto Barroso, que abriu a
divergência na Corte Eleitoral ao votar pela cassação de Melo.
A acusação
também questionava a contratação, pelo governo do Amazonas, de uma empresa de
Brasília para monitoramento de delegações que participaram da Copa do Mundo
2014 em Manaus. A firma pertencia a Nair Blair.
O contrato foi
celebrado sem licitação pelo custo de R$ 1 milhão e há suspeita de que a
empresa tenha prestado os serviços. Irregularidades nesse acordo foram
reveladas em reportagem do Fantástico, da TV Globo.
Apenas dois
ministros, no entanto – Herman Benjamin e Admar Gonzaga –, levaram o fato em
conta para votar pela cassação.
No processo, a
defesa de Melo alegou que não há provas da ligação de Melo com a compra de
votos e negou qualquer ligação da Agência Nacional de Segurança e Defesa com a
campanha do governador de 2014. Ao final da sessão, os advogados se negaram a
falar com a imprensa.
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Henrique Oliveira, durante campanha (Foto: Rickardo Marques/G1 AM) |
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